O fim do marqueteiro de revista é uma das causas do estado doentio da direção de arte no mercado digital.
Claro, eles não usam esse nome. Não existe nenhuma vaga para isso em agência de mercado digital. A pessoa pode passar 5 anos trabalhando no mercado sem nem saber quem xingar quando o conceito do anúncio está horroroso.
Mas os inconscientes diretores de arte fazem layouts “impressos” todos os dias em plataformas digitais. Tudo o que eles sabem a respeito de anúncio vem da tradição impressa, ainda que não saibam. Como seria diferente? Apesar da ignorância colossal, eles fazem anúncios que são em sua maioria “ok”, na melhor das hipóteses.
Eu sei, procuro muito bons anúncios, com esperança cada vez menor, todos os dias.
É uma perda significativa não ter alguém para chamar de “diretor de arte”. Designer você acha em todo grupo cobrando cada vez mais barato por algo que o Canva entrega pronto.
E aqui vai um conselho não solicitado: meu amigo designer, você precisa levar a sua profissão a sério e aprender direção de arte. O pessoal da IA quer tirar o seu trabalho e não vai ter nenhum remorso por fazer isso.
Então quando escrevo “diretores de arte”, não me refiro a designers gráficos. Não me refiro a artistas de layout. Quero dizer diretores de arte conceituais.
Um diretor de arte não é só alguém que dirige a imagem. É alguém que dirige a atenção do leitor.
Quando falamos em “conceito”, há muita confusão, mas não deveria. Quer dizer simplesmente que você é quem cria o conceito visual daquela campanha ou anúncio. Um diretor de arte geralmente é responsável por pelo menos três coisas num projeto:
Conceito e estratégia visual: ele define a direção visual, o estilo, a estética e a mensagem que devem ser transmitidos.
Design e layout: ele é responsável por criar e supervisionar o design gráfico, incluindo a escolha de cores, tipografia, imagens e elementos visuais para garantir que o que os criativos executem da forma como o projeto foi pensado.
Supervisão criativa: o diretor de arte lidera e orienta a equipe criativa, incluindo designers gráficos, ilustradores, fotógrafos e outros profissionais envolvidos no processo de criação.
Digamos que você tenha que criar um outdoor para o filme Kill Bill do Tarantino (não me diga que você não conhece). O “conceito” do filme é sanguinário. Litros e litros de sangue. Como você escreveria visualmente esse conceito? Abaixo está um bom exemplo (o carro faz parte da propaganda também).
Se você pensa apenas em colocar a foto da personagem no outdoor e dizer que está nos cinemas com desconto, parabéns. Você é um futuro desempregado e não deveria trabalhar com propaganda mesmo.
No mercado de infoproduto, esse tipo de peça seria impossível. Mas há milhares e milhares de negócios locais mal atendidos que topariam uma loucura dessa. Eles ainda não foram infectados pelo vírus da Biblioteca de Anúncios do Facebook.
O importante a reter é que o seu trabalho não é exatamente fazer, é pensar e orientar as pessoas que vão fazer. Você tem uma função estratégica. Claro, é muito comum que diretores de arte saibam como fazer isso tudo, mas não é uma exigência. O diretor criativo, que vai ficar para outro post, raramente sabe fazer e manda no diretor de arte. É uma questão de visão.
Para pessoas com baixo QI, isso parece injusto ou desonesto. É preciso lembrar que os arquitetos não precisam saber como pregar tábuas ou como fazer argamassa para montarem projetos. Fico imaginando se um nutricionista deveria saber como plantar batatas para recomendá-las numa dieta…
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a Coisas Ocultas para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.