Imagine um lugar onde as pessoas não falam sobre curtidas e métricas, mas sim sobre arte, cultura e vida longe das telas.
Imagine um lugar onde as pessoas não querem apenas capturar a atenção dos outros com clickbaits e truques de engajamento, mas sim querem ter algo importante para dizer da forma mais interessante possível.
Imagine um lugar onde as pessoas riem e são capazes de prosperar em seu próprio trabalho criativo. Criadores interessados em escrever com o coração na mão e não com a mão no seu cartão.
Imagine um lugar que oferece apoio em vez de sarcasmo. Um lugar onde dão e recebem conselhos arduamente conquistados sobre a arte de viver e escrever, em vez de banalidades de segunda mão do influenciador da moda.
Comunhão e não engajamento.
Amizade e não networking.
Maestria e não encheção de linguiça.
Imagine um oásis de cultura num deserto de conteúdo.
Apenas imagine. Será que a sua imaginação se parece com o que fizemos na Oficina de Escrita?
Começamos a criar com a Oficina de Escrita um projeto de restauração da atenção dos poucos brasileiros que poderão dar testemunho do que viveram enquanto a inteligência média no seu país eclipsava em silêncio.
Se isso der certo, então poderemos conversar com alguns sobreviventes sobre aquilo que importa e não sobre a polêmica do dia. Uma forma de tornar a internet brasileira mais humana. Uma parte dela, ao menos, se você for tipo infeliz e de pé no chão. Nós somos do tipo pé no chão, mas com os olhos no céu. Como um girassol.
Os textos que você lerá a seguir são uma pequena amostra de que há gente viva no Brasil.
Gente que não foi vampirizada pela mediocridade que existe até entre os melhores. Entre os melhores! Os que influenciam e determinam a vida de muito homem e muita mulher estão ajoelhados diante do seu próprio sucesso. Por serem grandes demais, não podem falar das coisas grandes sem apequenar seus faturamentos. Não se engane com os movimentos e a violência da comunicação deles para simularem uma autonomia que não têm: os touros de rodeio também impressionam quando estão com o saco apertado.
Esperamos que você se emocione com a experiência de ser adotado com o André Barrichello e que você se pergunte se você precisa de autorização de alguém para começar a escrever, sobretudo se você é mulher, com a Stéphane Lima.
Esperamos que você entenda que uma fé feia também é fé com a Julianna Britto; que talvez haja mais do que apenas pistache para fazer sobremesa com a Larissa Bueno e que talvez uma esfiha conte uma infância inteira com a Abna Kenia.
Esperamos que a Jaqueline Ramos te faça considerar se não há algo maior do que apenas vergonha ao ver a sua mãe envelhecer e que alguns clichês sobre a perda de alguém amado são verdadeiros com a Anaise Teruel.
Esperamos que você se surpreenda com a descoberta de que talvez seu pai tenha outra família, com o ensaio da Drica Cunha (pois é! A amante de alguém às vezes é a sua mãe) e que embora algumas pessoas se esqueçam que morrem segundo a Daysiane, o orgulho pernambucano jamais morrerá se depender da Ana Rosa.
A gente espera tanta coisa que talvez seja esse o drama de quem espera muito do trabalho segundo o ensaio da Débora Mendes, assim como se espera muito da relação estranha que os influenciadores têm com seus seguidores nas redes sociais de acordo com a Aline Alcântara.
Talvez a gente espere tanto porque a nossa ideia de que no passado tudo foi melhor seja só uma ideia mesmo, nostálgica e passageira, tendo pouco a ver com a realidade segundo a Samy Bersi.
Mas quem tem um porquê suporta qualquer como se você souber qual é esse porquê nas palavras da Mayara Araújo. Suporte talvez até a ideia de que a idade seja talvez um número e há jovens velhos e velhos jovens com a nossa portuguesa preferida, Vânia Tavares.
Por fim, esperamos que você tenha guardado um pouco de ânimo ou lágrima para se emocionar também com a história da Vanessa, uma professora aposentada sem fantasias nem cinismo a respeito da profissão com mais discurso piegas da história recente.
Você deve ter notado que quase todos os ensaios publicados aqui são de AUTORAS.
Por quê?
Foi uma oficina feminista em que os autores, hipoteticamente héteros, tentam se passar por homens desconstruídos pois se sentem culpados por serem homens, excluindo e maltratando qualquer texto masculino?
Não.
Tivemos alunos machos, sim. Mas nos parece que uns por medo, outros por desorganização, não se arriscaram ao julgamento público. Homem tem sempre uma coisa mais importante para fazer e uma desculpa nobre para dar.
Aqui, outra vez, as mulheres foram mais disciplinadas e sugerem que os novos anos 20 deste novo século pertencem mais às autoras do que aos autores. JK Rowling e Elena Ferrante talvez só estejam acelerando a mudança de ídolos da nova década.
Talvez.
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Emocionante, de fato! Nunca pensei que uma oficina curta on-line pudesse fazer tanta diferença na minha escrita. Que bom que comecei!
Estou muito feliz de estar nesse lugar. Vida longa ao Clube da Escrita ❤️